Nem bem te vi e te quis, e te quero,
quero muito, do amanhecer dos sabiás, em cantos, aos encantos dos rouxinóis, do
revoar dos pardais, ao repousar, em bando, das barulhentas andorinhas que em
mim habitam. És tu, íntegro, o ensolarar das minhas manhãs cinza e a minha luz
no escurecer tardio; minhas madrugadas silenciosas em meu peito vazio, ocaso das
varandas que abrigam o meu coração vibrante.
Não são janelas que prendem e nem
correntes que cegam, há um abismo quando as vozes se calam. Portas entreabertas
com frestas a vista são barbantes imaginários dos caminhos obtusos da verdade,
são incertas certezas. Uma entropia dominante que de tempos em tempos nos
assola e de onde guardamos um néctar de felicidade ao esperarmos, então, um
novo verão, que virá.
E, finalmente, quando nos despimos das
ilusões e vaidades e deixamos a brisa mansa da licitude acariciar o nosso
corpo nu, é que as portas reabrem, a dardejar o nosso destino. Então, pássaros
invadem os nossos jardins e anunciam em claves de sol o ensolarar dos nossos
desejos. É quando, sorrateiramente, percebemos o amor renascer em breves
suspiros, timidamente, para então, em um turbilhão de emoções, revelar-se novamente
grandioso em nossas vidas..., e enfim, indestrutível.