quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Indestrutível


Nem bem te vi e te quis, e te quero, quero muito, do amanhecer dos sabiás, em cantos, aos encantos dos rouxinóis, do revoar dos pardais, ao repousar, em bando, das barulhentas andorinhas que em mim habitam. És tu, íntegro, o ensolarar das minhas manhãs cinza e a minha luz no escurecer tardio; minhas madrugadas silenciosas em meu peito vazio, ocaso das varandas que abrigam o meu coração vibrante.

Não são janelas que prendem e nem correntes que cegam, há um abismo quando as vozes se calam. Portas entreabertas com frestas a vista são barbantes imaginários dos caminhos obtusos da verdade, são incertas certezas. Uma entropia dominante que de tempos em tempos nos assola e de onde guardamos um néctar de felicidade ao esperarmos, então, um novo verão, que virá.

E, finalmente, quando nos despimos das ilusões e vaidades e deixamos a brisa mansa da licitude acariciar o nosso corpo nu, é que as portas reabrem, a dardejar o nosso destino. Então, pássaros invadem os nossos jardins e anunciam em claves de sol o ensolarar dos nossos desejos. É quando, sorrateiramente, percebemos o amor renascer em breves suspiros, timidamente, para então, em um turbilhão de emoções, revelar-se novamente grandioso em nossas vidas..., e enfim, indestrutível.