sexta-feira, 29 de abril de 2011

Teu beijo!

cada vez que me beijas
é muito mais que um toque
é mais que afeto
é um tesão
é um deflagrar de paixão
é um selinho em meu coração

terça-feira, 26 de abril de 2011

Encontros


Ninguém é feliz sozinho, e tampouco é capaz de desligar as antenas e radares,  e seguir em vôo solo, sem importar-se com o que as pessoas dizem ou pensam sobre si. O exercício da escuta ativa é importante para construirmos pessoas melhores, ou nos construirmos como pessoas melhores, e para que então tenhamos não só harmonia, mas possamos entender e melhor interagir com o meio onde escolhemos ser felizes. Olhar-se no espelho não basta, se é que temos coragem de admitir o quanto ainda somos pequenos...

Tenho refletido muito e transformado alguns momentos da minha vida ao compor palavras e dividir sentimentos. É como se construísse novos passos em um jogral, permitindo então, que pessoas participem da minha história, complementando ou estimulando minhas ações. Juntamos “es” na palavra “feliz” e transformamos solidão em comunhão; fortalecemos o “a” de “amizade” e potencializamos afeto; construímos empatia ao trocamos o “eu” pelo “nós”; transformamos encenações em verdades, dores em conforto, labirintos em caminhos.

Encontros são bênçãos, e há razões para existirem, sempre há. Pode ser para darmos valor àquilo que nos é dado ou permitido, amenizar sofrimentos, dividir excessos, multiplicarmos sentimentos. Pode nos alertar, somar, incandescer, incendiar de paixão. Pode ainda nos provocar, mudar, fazer-nos crescer. Ou até para que deixemos, esqueçamos, desfaçamos as malas, perdoemos, coloquemos os pés no chão, para nos confortarmos e nos recolhermos.

Quem sabe aquilo que desejamos e esperamos por toda uma vida, e que reclamamos sua ausência, esteja guardado em uma gaveta empoeirada, somente esperando que tenhamos apoio, ousadia e coragem de abri-la. Ou que na esquina esteja nosso destino, nas palavras singelas de carinho de alguém, ou em um profundo olhar ao longe. Quem sabe as respostas estejam dentro de nós e por não nos reconhecermos e tampouco o outro, continuamos a esperar. São oportunidades, nada mais do que escolhas, que podemos deixar para depois, ou não...

Namastê!

terça-feira, 19 de abril de 2011

O Que Buscamos Afinal?



Basta abrirmos os nossos corações, para que uma paz imensa nos habite. É no pulsar sereno, que encontramos o entendimento daquilo que nos basta. As coisas andam obscuras demais, e há tanto o que refletirmos que deixamos escorrer pelas palmas das nossas mãos aquilo que nos é essencial. Não conseguimos mais entender o que é felicidade, pois nos esquecemos dos motivos pelos quais queremos ser felizes.

No abraço, ao invés do encontro, buscamos o conforto; assim como nas palavras doces, que venham a consolar as nossas amarguras e ressentimentos ao invés de simplesmente nos fazerem sorrir. Recebemos com desconfiança o contato de alguém que singelamente quer matar as saudades e nos afastamos dos outros pela luxuria, pela avareza e por tantos outros pesares. Estamos nos suicidando lentamente, e ao nos distanciarmos de nós mesmos, suprimimos as esperanças de uma vida melhor.

Há que se refletir, se pensar muito nas nossas crenças e valores. Há que se buscar convergências, para então diminuirmos esse hiato que nos separa de nós mesmos e das outras pessoas. Há que se seguir com harmonia. A sapiência é um dom comum, que desprezamos ao nos desprezarmos. É uma virtude que sufocamos, ao  impormos os nossos entendimentos com veemência, como se não tivéssemos mais nada a compartilhar ou a aprender.

Que a semana nos inspire a encontrarmos um pouco mais das respostas que buscamos, mas que principalmente nos ajude a formularmos as perguntas certas. Assim seguimos, sedentos e cansados, a perseguir aquilo que tanto nos falta, mas que mal sabemos o que é.

Namastê!

domingo, 17 de abril de 2011

Verdades...

Nos meus retalhos pouco resta, além de algumas quinquilharias sem valor. Deixei de acumular desejos para invadir minh’alma de vida. Catei minhas poucas verdades, e joguei no abismo as minhas ilusões. Cansei de ser eu mesmo e decidi desapegar-me. Resolvi que em meu peito deixarei pulsar aquilo que não me situa, aquilo que me confunde, aquilo que me desagrega.

Pintei as paredes do meu coração com um vermelho intenso, que sangra sem encharcar, e que imita o “Louvre” das minhas loucuras. Pintei, simplesmente pintei. Deixei que o psicodélico das minhas reações tomasse conta do meu destino, simplesmente deixei que tomasse conta. E então, não vejo mais..., enxergo! E entre pirilampos e cristais, vejo brilhar, aquilo que mais me eleva, ou que me comove.

Não quero falar de cores, tampouco do cinza da lua, ou do prateado céu. Hoje não me encanta o perfume, ou as flores, os sorrisos, ou abraços. Quero mergulhar no negro dos meus sentimentos, rasgar os meus sonhos, para então compreender qual a inconstância e dimensão daquilo que me move. Quero tirar os pés do chão e fluir, como se não mais fosse o dono das minhas arbitrariedades.

E enquanto ando por aí, percebo o quanto não sou aquilo que acho, apesar de acharem que eu sou, ou que às vezes eu mesmo ache. Lanço minhas palavras a reverberar gotas de ressentimentos e construo arquétipos a fantasiar as minhas virtudes. No despejar das minhas crenças, um algoz, a matar vagarosamente as minhas alegrias, e a sorrir, e a cada tiro de misericórdia, um renascer.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O beijo


meu desejo é estar em ti
e que estejas em mim
e como um vulcão que sou
entregar-me por inteiro

me encanta o teu olhar
e a tua presença me incandesce
rebento de tesão
minh’alma leve, inunda-se de felicidades

deixe-me tê-la por mais um segundo
e por um infinito momento que seja
sentir o ardor em meu peito
na combustão dessa louca paixão

deixe-me tocar meus lábios aos teus
e minha boca na tua
singela união de sentimentos
no ímpeto pulsar dos nossos corações

deixe-me falar-te na mesma língua
ao enroscar a minha na tua
e na intensidade de um doce beijo
deflagrar-te o meu infinito amor


(oferenda ao beijo, no seu dia)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Letra - Podres Poderes


Podres Poderes
Caetano Veloso

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais...

Queria querer gritar
Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais...

Será que nunca faremos
Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval...

Queria querer cantar
Afinado com eles
Silenciar em respeito
Ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau...

Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais
Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais...

Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
Indo e mais fundo
Tins e bens e tais...

Será que nunca faremos
Senão confirmar
Na incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que essa
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...

Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais...

Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...

Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais

Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo...
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!

Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!


Podres Poderes - Caetano Veloso 
Podres Poderes - Capital Inicial 
Podres Poderes - Maria Gadu e Caetano 

Triste Consentimento

Não consigo fechar os olhos, pois lágrimas de sangue escorrem pelo meu rosto. Em meus pensamentos, somente preocupações ocupam as minhas incursões. Meu coração está de luto e nas minhas veias corre o negro da desilusão e do sofrimento. Não há o que entender e tampouco justificar, pois estamos doentes, doentes pela impulsividade dos desejos, e a qualquer preço sofremos calados, digerindo a indignação dos quereres e dos poderes.

Apodrecemos e nos achamos mais nobres a cada dia. Louvamos o descabido, e ocultados pelo limo da pobreza de espírito nos achamos cada vez melhores. Assim, matamos os outros e matamos a nós mesmos. Suicidamos-nos a todo o momento quando da renúncia da vida. Maltratamos nos maltratando, e ainda assim, achamos que somos superiores. “Viestes do pó e ao pó voltarás”, mas não damos bola, e deslumbrados e aclamados por idiotas e imbecis, bem vestidos e bem quistos pelas castas de idiotas e imbecis.

Este lamento não é revolto, não é movimento, nada é. É uma simples dor e tristeza, profundas amarguras e ressentimentos. Um insólito despejar de emoções, mudança de consciência, crescimento e desabrochar. Não olharmos simplesmente os jardins, mas cuidá-los, não olharmos simplesmente o sorriso das crianças, mas abraçá-las, para que nunca esqueçamos que aqui estamos e também somos responsáveis pelo desvendar e pelos acontecimentos, por mais dolorosos que sejam.

Namastê!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Basta Estender a Mão...


Enquanto colorimos expectativas e esperanças, ou tentamos entender e apagar as nossas mazelas, deixamos de lado a dádiva de viver. “Viver e não ter a vergonha de ser feliz”, como dizia Gonzaguinha, contrapõe um dos entendimentos clássicos que diz que “a vida é aquilo que acontece enquanto nos lamentamos do passado e planejamos o futuro”. Viver é um lamento, portanto, e assim, vivemos em uma constante busca por satisfazermos as nossas inquietudes.

Estudiosos da motivação afirmam que o ser humano é um eterno insatisfeito, e que sempre que uma necessidade nossa é satisfeita, imediatamente surgem outras por satisfazer, competindo entre si. Uma dinâmica cruel, na medida em que não nos dá a possibilidade de seguirmos tranqüilos, de sermos felizes e de nos sentirmos realizados. Temos que estar freneticamente correndo atrás de soluções para pequenas situações cotidianas e nos contentarmos com pequenas vitórias, que juntas darão sentido a uma vida feliz. Viramos heróis de caixinhas de fósforos e rótulos de balas, soldadinhos de chumbo.

Em meio a isso tudo, temos a possibilidade de encontrar um porto seguro, no afeto, no amor, nas amizades e nas verdades. Na confiança e na solidariedade suspiramos aliviados, crédulos pela missão cumprida, recompensada pelo outro. Nos afagos de quem nos ama, o conforto para continuarmos a seguir com coragem, e no abraço, o incentivo de que viver ainda vale a pena e que desistir nunca será a melhor escolha. Difícil é perceber que para algumas pessoas nada disso faz sentido, e que as coisas são assim mesmo. Mas quando se acha que chegou ao fundo poço é que se percebe que não é o fundo do poço, basta estender a mão..., e assim vamos vivendo!

Namastê!

domingo, 3 de abril de 2011

Escolha!

não consigo fechar os olhos
e mergulhar na escuridão
melhor olhar todo o engôdo
a cercear o brilho das estrelas
no horizonte das incertezas
repousa a esperança
no piscar do meu ou do teu olhar